Top surgery included in leading breast surgery
textbook for first time ever
Onde?
Reino Unido
Quem?
Médicos Alunos de medicina
Quando?
17/10/2023

Foi implementado num dos livros de medicina mais famosos do Reino Unido, um capítulo sobre os procedimentos da mastectomia e como tratar pacientes trans.
Este é um assunto que já há algum tempo tem vindo a ser discutido e, de acordo com o estudo de 28 instituições do Reino Unido em 2023, apenas 41% dos estudantes de medicina afirmam ter tido aulas sobre cuidados de saúde da comunidade LGBTQIA+ e destes, 97% dizem ter tido apenas em 1 sessão, que claramente não é suficiente para cobrir tudo o que tem de ser ensinado.
Este é um grande passo na evolução da inclusão da comunidade LGBTQIA+ na medicina, e dos cuidados que os indivíduos da mesma precisam, tal como a mastectomia e outros tipos de cirurgias e tratamentos como o uso de hormonas.
Ao trabalhar com pessoas trans, não-binárias e de género não normativo que queiram fazer uma mastectomia, é importante perceber que tem de ser um processo acompanhado por profissionais com a capacidade de fazer o seu paciente sentir-se bem no seu corpo e feliz ao ver-se ao espelho. Estes processos não são lineares e cada pessoa tem os seus gostos, então é preciso que os profissionais sejam flexíveis, capazes de fazer um plano e executar uma cirurgia que seja a ideal para cada indivíduo em específico e não com um único processo e de uma única forma para todos, pois existem uma série de fatores a ter em consideração.
Muitas pessoas que querem fazer este tipo de cirurgias ficam em listas de espera que chegam a anos e, sendo que se trata da sua identidade, veem-se obrigados a recorrer a clínicas que não são de confiança e que podem fazer um trabalho que os vá prejudicar no futuro. Estatísticas mostram que pessoas trans, não-binárias e de género não normativo têm maior probabilidade de cometer suicídio e o não acesso a processos como terapia hormonal e cirurgias pode ser mais um contributo para que isto aconteça.
A educação de profissionais de saúde nestes temas é crucial para a evolução da nossa população porque cada vez mais se veem pessoas trans a assumirem-se e a quererem ser elas próprias sem se preocupar com o que a sociedade pensa, mas sem a ajuda dos profissionais isso não será possível. O mundo está a evoluir e com ele a mentalidade das pessoas também tem vindo a mudar, mas claro que existem sempre algumas pessoas como Mike Pence, Donald Trump e Vivek Ramaswamy, que prometeram lançar restrições nos tratamentos de pessoas trans caso fossem eleitos para a sala oval em 2024 (esperemos que tal não aconteça).
Há ainda outro tópico pertinente, que é o facto de haver muitos apoios para mulheres com cancro da mama terem cirurgias para reformar a mama afetada e que se podem considerar cirurgias de afirmação de género. Mas se fosse o caso de uma mulher trans querer fazer implantes mamários, esta teria de aguardar pela sua vez na lista de espera porque, erradamente, não é considerada tão importante.
Em suma, as mentalidades estão cada vez a evoluir mais e cada vez é mais fácil podermos ser nós próprios sem nos precisarmos de preocupar com o que os outros têm a dizer. E apesar de em alguns países tal ainda não ser possível, este novo capítulo no ensino dos profissionais de saúde no Reino Unido, foi um pequeno passo para a medicina mas um grande passo para a luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+.