Grandes Mestres da Educação
Paulo Freire
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender - Paulo freire
Biografia:
- Educador e filósofo brasileiro, nascido em 1921 e falecido em 1997.
- Nascido em 19 de setembro de 1921 e falecido em 1997.
- A infância de Freire ocorreu em um ambiente marcado pela escassez financeira e pelas disparidades sociais, experiências que tiveram um impacto significativo em suas crenças e ideais sobre educação e igualdade social.
- Iniciou sua formação no Colégio 14 de Julho, em Recife. Com apenas 13 anos, enfrentou a perda do pai, ficando a mãe responsável por prover o sustento para ele e seus três irmãos. Sem recursos para manter os estudos, a mãe de Paulo Freire procurou auxílio junto ao diretor do Colégio Oswaldo Cruz. Com sua intervenção, Freire conseguiu uma matrícula gratuita na instituição.
- Em 1943, Paulo Freire entrou na Faculdade de Direito do Recife. Durante esse período, ele também se dedicou ao estudo da filosofia da linguagem e começou a lecionar língua portuguesa aos estudantes do secundário.
- Apesar de ter feito licenciatura em Direito, Paulo Freire não exerceu na área jurídica e optou por seguir lecionando português no Colégio Oswaldo Cruz. Além disso, ele ministrou a disciplina de Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco.
- Em 1955, Paulo Freire colaborou com outros educadores para estabelecer o Instituto Capibaribe, uma escola progressista e inovadora localizada no Recife. Esta instituição atraiu a atenção de diversos intelectuais da época e persiste em funcionamento até os dias atuais.
Prémios e títulos recebidos:
- Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento (Bélgica, 1980)
- Prêmio UNESCO da Educação para a Paz (1986)
- Prêmio Andres Bello da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992).
- Reconhecido internacionalmente, o educador célebre também recebeu cerca de 40 títulos de Doutor Honoris Causa.
Obras importantes:
- Educação como prática da liberdade (1967)
- Pedagogia do oprimido (1968)
- Cartas à Guiné-Bissau (1975)
- Educação e mudança (1981)
- A importância do ato de ler em três artigos que se completam (1982)
- Pedagogia da esperança (1992)
- Política e educação (1993)
- À sombra desta mangueira (1995)
- Pedagogia da autonomia (1996<)
A obra, "Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa"
- Foi a última obra publicada em vida pelo educador. No livro, o pedagogo remete as questões que o inspiraram ao longo da sua trajetória e aborda elementos essenciais da educação, incluindo a ideia de que o ato de ensinar não se resume simplesmente a transferir conhecimento, para ele, o processo educativo envolve indivíduos reais com suas aspirações, ambições, sonhos e esperanças. Por isso, é fundamental que o educador aprecie a convivência com outros e esteja aberto a compreender, sem se impor como detentor absoluto da verdade, mas sim como alguém disposto a aprender em conjunto. Propõe uma visão de educação centrada na libertação dos educandos, na promoção da reflexão crítica e na formação de indivíduos autônomos, éticos e inseridos socialmente com direito a falar e impor os seus ideias/ princípios, no fundo direito a liberdade de expressão. Promove uma integração entre os conhecimentos curriculares essenciais para os alunos, tendo em conta as experiências sociais individuais que cada um teve. Método de Paulo Freire Paulo Freire via seu método como uma estrutura para adquirir conhecimento, indo além de uma mera técnica de ensino. Ele o concebia como uma abordagem centrada na aprendizagem, mais do que um método de instrução convencional. O pensamento crítico e libertador presente na obra de Paulo Freire serve de inspiração para educadores globalmente, que compartilham a crença na possibilidade de promover uma sociedade justa e equitativa, fazendo Paulo Freire um dos educadores mais influentes em todo o mundo. O método de alfabetização desenvolvido por Paulo Freire segue um processo tripartido: inicialmente, a investigação, seguida pela tematização e, por fim, a problematização. Para fornecer uma visão mais clara dessa sequência, podemos descrever os momentos que compõem a metodologia desenvolvida por Freire: na primeira etapa, a investigação, o professor e aluno exploram o vocabulário do aluno e o ambiente em que este vive para identificar as palavras e temas fundamentais de sua história pessoal, na etapa seguinte, chamada de tematização, eles analisam e interpretam esses temas, procurando compreender seu significado social, o que permite adquirir consciência sobre o mundo ao seu redor e por fim, na etapa da problematização, aluno e professor pretendem investigar para além de uma visão simplista para uma visão crítica do mundo, visando a transformação do contexto em que vivem. O método de Paulo Freire para alfabetização de adultos incentiva a troca de ideias sobre as experiências de vida entre os próprios alunos, utilizando palavras presentes no seu quotidiano para compreender o mundo e aprender a ler e escrever (como foi o caso do tijolo que era algo bastante familiar do seus alunos). Freire sempre considerou que a escola vai além das quatro paredes da sala de aula. O método não apenas procura, mas também visa acelerar a aprendizagem e a capacidade do aluno para interpretar o mundo. Freire via a alfabetização como uma oportunidade para que os menos favorecidos pudessem quebrar o que ele denominava como "cultura do silêncio" e se tornassem agentes ativos na sociedade e na transformação da própria história.
Círculo da Cultura:
- Paulo Freire, não usava este método de forma convencional, ou seja, sentados direitos nas cadeiras e o professor como figura autoritária, muito pelo contrário, os seus alunos eram sentados em formato de círculo, do qual ele designava como "Círculo da Cultura" de forma a promover a igualdade tanto entre professor como no aluno e assim quebrava de certa forma a figura autoritária do professor em relação ao aluno, pois para este pedagogo fazia todo o sentido estarem todos sentados ao mesmo nível para que todos em conjunto criassem um ambiente propício para a troca de conhecimentos, saberes e experiências.
Princípios de Paulo Freire:
- O educador, alinhado com sua abordagem educacional, deve enfatizar a precisão do método com o qual trabalha, tendo uma compreensão nítida de seus objetivos e mantendo consistência entre discurso e prática;
- É essencial promover uma integração entre os conhecimentos curriculares essenciais para os alunos, tendo em conta as experiências sociais individuais que cada um teve, ou seja, o respeito pelos saberes do educando;
- Se considerarmos o respeito à essência humana, o ensino dos temas didáticos, não pode ocorrer desvinculado da formação moral do educando.
- Sua abordagem educacional se fundamenta no diálogo igualitário e colaborativo entre professores e alunos. Ele defende que o conhecimento é construído coletivamente, através da troca de experiências, saberes e reflexões entre todos os envolvidos no processo educativo.
- Paulo Freire destaca a necessidade de cultivar nos educandos a capacidade de examinar de maneira crítica e compreensiva a sociedade em que vivem. Ele busca promover a habilidade dos alunos para questionar ativamente a realidade social, capacitando-os a pensar de forma crítica sobre o mundo ao seu redor.
- Para Paulo Freire, a educação não é algo neutro, mas uma ferramenta que funciona em conformidade da mudança. Ele refere a educação como algo que não se limita a repassar informações, mas que também motiva os alunos a agir e a transformar ativamente a sociedade em que vivem remetendo à transformação social e na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Citações:
- "Não há docência sem discência" - a relação professor e aluno é compreendida mutuamente e, apesar das diferenças, não são limitados à condição de objeto um do outro, ou seja, aquele que ensina também aprende durante o ato de ensinar, e aquele que aprende também ensina ao se dedicar à aprendizagem.
- "Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos" - é essencial promover uma integração entre os conhecimentos curriculares essenciais para os alunos, tendo em conta as experiências sociais individuais que cada um teve.